Pandemia aumenta a pressão por taxas mais altas para os compradores de seguros D&O
À medida que os riscos surgem e evoluem, a pandemia global da covid-19 continua a desafiar as organizações – e seus diretores e administradores. Com a tarefa de tomar decisões difíceis para proteger e promover a viabilidade das empresas, os diretores e administradores estão cada vez mais expostos a litígios e perdas financeiras durante este período de transição, que para muitos é também um período de angústia.
Enquanto a pandemia atual é a principal prioridade e preocupação para organizações e seguradoras, seu impacto no preço do seguro D&O ainda é uma incógnita. Outras tendências estão complicando ainda mais as condições de mercado, fazendo com que as seguradoras aumentem suas taxas, buscando um melhor equilíbrio de suas carteiras.
Os mercados internacionais têm sofrido impactos significativos no preço do seguro D&O. E no Brasil não é diferente.
Um estudo da carteira Marsh apresentou um agravo de aproximadamente 50% nas renovações das apólices de D&O no primeiro semestre de 2020.
Analisando por indústria, os setores de Mineração e Instituições Financeiras foram os mais afetados, com aumentos de 25 e 11% respectivamente.
Porém, independente da indústria, são as empresas com exposição ao mercado de capitais americano que lideram a disparada nos preços. Companhias brasileiras listadas nas bolsas de NY (NYSE) ou Nasdaq tiveram um aumento médio de 300% no prêmio de suas apólices de D&O.
Considerando o índice combinado (custos operacionais/prêmios ganhos) superior a 110% do mercado de D&O em 2019, as seguradoras passaram a adotar uma política de subscrição mais austera, aliando aumento de preços com apetite mais restrito.
Em paralelo, nos últimos 12 meses o mercado passou a contar com mais três seguradoras habilitadas pela Susep para comercializar o seguro D&O. Sem histórico de sinistralidade e ainda desenvolvendo seus modelos atuariais, as novas entrantes têm sido mais agressivas com relação a precificação. No entanto, possuem estratégia em comum, com foco no médio mercado (SME), visando a aumentar a penetração do produto neste segmento, não sendo alternativa para os riscos mais complexos.
Renovações requerem mais preparação
Considerando as potenciais dificuldades nos processos de renovação, as empresas devem inicia-los com maior antecedência, definindo claramente as prioridades e estratégias.
Neste contexto de preços mais altos e subscrições mais rígidas, limites mais baixos e/ou coberturas mais restritas passam a figurar como uma possibilidade.
As empresas devem estar preparadas para serem mais questionadas pelos subscritores. Fatidicamente, as seguradoras perguntarão sobre os impactos diretos e indiretos da covid-19 nos planos de continuidade das organizações. Os subscritores também avaliarão o comprometimento e liderança da diretoria e protocolos e procedimentos implementados no caso de eventos inesperados. A qualidade das informações prestadas será um elemento chave neste processo.
Os relacionamentos de longo prazo com as seguradoras deve ser considerado, especialmente aqueles com exposições relevantes e/ou mais críticas. Ao trocar de seguradora, é importante analisar cuidadosamente os clausulados, identificando eventuais exclusões indevidas, assegurando que não haja nenhum tipo de perda de cobertura.